Data: 09-03-2012
Criterio: B2ab(ii,iii)
Avaliador: Tainan Messina
Revisor: Miguel d'Avila de Moraes
Analista(s) de Dados: CNCFlora
Analista(s) SIG:
Especialista(s):
Justificativa
No Brasil, Zygostigma australe ocorre nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. Apesar da ampla distribuição, a espécie cresce em hábitats fragmentados, sendo restrita aos Campos de Altitude, às formações campestres e aos campos secos e úmidos. Sua AOO é estimada em 76 km². A ocorrência da espécie se dá dentro do bioma Mata Atlântica, que sofre constante pressão antrópica. Portanto, estima-se que a espécie tenha sofrido um declínio constante da área e qualidade do hábitat. Além disso, Z. australe tem ciclo de vida curto e tempo de geração estimado em dois anos, que, associados à raridade apontada por especialistas e à degradação do hábitat, configuram um cenário de ameaça a sua sobrevivência. Recomendam-se estudos populacionais e monitoramento das populações existentes.
Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.
Nome válido: Zygostigma australe (Cham. & Schltdl.) Griseb.;
Família: Gentianaceae
Sinônimos:
Espécie caracterizada por possuir flores actinomorfas, roxas e ligeiramente odoríferas; são consideradas hercogâmicas, já que o estigma encontra-se alguns milímetros além das anteras; apresentam densas inflorescências, com flores pentâmeras; as flores de Z. australe e Calydorea campestris assemelham-se, além de apresentarem padrão de antese similar (Freitas; Sazima, 2009). Conhecida popularmente como genciana-roxa (Fabris; Klein, 1971).
Freitas; Sazima (2009) reportam que apenas 8 indivíduos de Z. australe foram encontrados ao longo de 25 expedições realizadas entre 1997 e 2000 na região do Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ/SP), o que sugere uma baixa densidade populacional e consequente raridade desta espécie. Suspeitava-se que estava extinta no estado de São Paulo até ser reencontrada na Serra da Bocaina por Freitas; Sazima (2009).
A espécie não é endêmica do Brasil, ocorrendo aqui nos Estado da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e São Paulo (Guimarães; Saavedra, 2012). Possui registros também na Argentina (Filippa; Barboza, 2006). Freitas; Sazima (2009) registraram a espécies em áreas altas e com ocorrência de florestas ricas em Araucaria Juss. na região do Parque Nacional da Serra da Bocaina, divisa natural entre Rio de Janeiro e São Paulo, o que sugere a ocorrência deste táxon nestes Estados.
Planta herbácea, terrícola anual; heliófita (Freitas; Sazima, 2009). Foi registrada em Campos de Altitude (Freitas; Guimarães, 2009), formações campestres (Saavedra et al., 2009); Setubal (2010) indicou ainda a ocorrência desta espécie em campos secos, campos úmidos e campos rupestres nas formações campestres do Morro São Pedro (RS) todas as descritas acima associadas ao Domínio Fitogeográfico Mata Atlântica (Guimarães; Saavedra, 2012). O período de floração foi definido por Freitas; Sazima (2009) entre fevereiro e abril, com o pico ocorrendo entre os meses de fevereiro e março.Polinizada por pequenas abelhas e sirfídeos, como Allograpta exotica (Syrphidae), Ceratalictus sp. (Freitas; Sazima, 2009). Z. australe também apresenta auto-polinização, confirmada por Freitas; Sazima (2009) a partir de observação feita a respeito do movimento do gineceu e da corola. Os mesmo autores registraram que durante a antese, os movimentos da corola são responsáveis pelo fechamento das flores no final da tarde e pela abertura, no inicio da manhã; estimaram também que entre 2% e 19% dos grãos de pólen germinam dentro das anteras.
1.3.3.2 Selective logging
Severidade
very high
Detalhes
A Floresta Ombrófila Mista (Floresta de Araucária), floresta típica da região sul do Brasil, apresentava uma área de distribuição original situada entre 200.000 a 250.000 km². Abrigando componentes arbóreos de elevado valor comercial, como a Araucaria angustifolia e Ocotea porosa (imbuia), esta floresta foi alvo de intenso processo de exploração predatório. Atualmente os remanescentes florestais não perfazem mais do que 1% da área original. A Floresta Ombrófila Mista teve significativa importânciano histórico de ocupação da região sul, não somente pela extensão territorial que ocupava, mas principalmente pelo valoreconômico que representou durante quase um século (Klein, 1985). No entanto, a intensidade da exploração madeireira, desmatamentos e queimadas, substituição da vegetação por pastagens, agricultura, reflorestamentos homogêneos (J. de D. Medeiros et al. Espécies exóticas e a ampliação das zonas urbanas no sul do Brasil, iniciados nos primeiros anos do século XX, provocaram uma dramática redução da área das florestas originais na região. Hoje, estima - se que os remanesetes de Floresta Ombrófila Mista, nos estágios primários ou mesmo avançados, não perfazem mais de 0,7% da área original (MMA, 2002); já os Campos de Altitude da Mata Atlântica sofrem com as atividades antrópicas realizadas em seu entorno e interior. A sensibilidade dos solos, rasos, facilita que processos erosivos entrem em curso; a remoção da vegetação tampão no entorno facilita a invasão de espécies exóticas invasoras com alto poder competitivo, que uma vez instaladas, competem diretamente por recursos com a flora nativa; intensos e frequentes incêndios incidem sobre os Campos de Altitude; atividades extrativistas impactam diretamente populações de plantas endêmicas e raras; a mineração de granito-gnaisse e arenito alteram irremediavelmente o substrato; a crescente expansão urbana para áreas de encosta suprime ainda mais esses ambientes e o desenvolvimento de técnicas agrícolas modernas tem permitido o desenvolvimento do que é chamado "agricultura de altitude" (p. ex. o cultivo de café no estado do Espirito Santo, que tem atingido cotas de até 1200 m); instalação de torres de transmissão de energia e telecomunicações, destruindo extensas faixas de áreas montanhosas naturais; e aliada a isso, a flora dessas regiões apresenta uma alta vulnerabilidade às mudanças climáticas em curso (GMBA, 2005; Martinelli, 2007). A espécie possui sua ocorrência registrada nestas duas formações vegetacionais do Domínio Fitogeográfico Mata Atlântica.
1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada Rara (R) em avaliação de risco de extinção empreendido para a flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).
- GUIMARÃES, E.F.; CALIÓ, M.F.; SAAVEDRA, M.M. Gentianaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000117)>. Acesso em: 02/03/2012.
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- FILIPPA, E.M.; BARBOZA, G.E. Novedades en Gentianacea para América del Sur. Sida, v. 22, n. 1, p. 129-143, 2006.
- CERVI, A.C. ET AL. A vegetação do Parque Estadual de Vila Velha, município de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Boletim do Museu Botânico Municipal, n. 69, p. 01-52, 2007.
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- GUIMARÃES, E.F. Comunicação da especialista Elsie F. Guimarães, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro(RJ), para o analista Eduardo Fernandez, pesquisador do CNCFlora, 2012.
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CNCFlora. Zygostigma australe in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora.
Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Zygostigma australe
>. Acesso em .
Última edição por CNCFlora em 09/03/2012 - 18:40:21